terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Surgimento da tatuagem no Brasil

No Brasil, a historia da tatuagem feita com maquina elétrica, assim como a gente conhece, começo no porto de Santos(SP). Ali, em julho de 1959, desembarcou Knud Harold Lykke Gtegersen, ou simplesmente Tatoo Lucky (com um T só, como ele assinava). O dinamarquês foi o primeiro tatuador a se estabelecer no país. Antes dele existiam apelas profissionais que vinham de navios, ganhavam algum dinheiro e se mandavam. Seus trabalhos ficavam 'perdido' nos corpos das prostitutas, dos estivadores e dos marinheiros. Para se ter contato com os desenhos, era preciso ser habitué das quebradas do porto ou percorrer a boca do lixo no centro de Santos.

Pois foi bem ali, num beco de rua João Otávio, que Lucky abriu seu estúdio em 1963. Vinha de longa viagem por Europa, Estados Unidos e América do Sul. Sempre a bordo de navios mercantes, pagava sua passagem tatuando os marinheiro. Quando desembarcou em Santos e por lá decidiu ficar, pendurou na porta de vidro do ateliê uma curiosa plaqueta: “It's not a saylor if he hasn't a tattoo” - 'Não é um marinheiro se não tiver uma tattoo'. Desde então, virou lenda. “Foi o Lucky quem plantou a semente da tatuagem no Brasil”, diz o renomado tatuador paulistano Hercoly,39. “A atitude de abrir um estúdio aqui foi histórica.”

Gordo, Forte e sempre de tamancos pretos típicos da Dinamarca, Lucky nasceu em Copenhague em 1928. Descendente de uma família de tatuadores, saiu de casa aos 15 anos e começou a tatuar na Alemanha do pós-guerra. Na época viajava pela Europa numa moto equipada com side-car, usado como estúdio de tatuagem ambulante.

Desenhista e pintor por profissão, estabeleceu-se em Santos nos anos 60, época em que havia muito preconceito com a tatuagem. Seu catalogo trazia cinco mil desenhos diferentes, de águias, navios, cobras, dragões, e uma infinidade de motivos marítimos. Lucky se gabava de ter tatuado o marechal Rommel, o estrategista alemão na 2ª Guerra Mundial, o rei Frederico da Dinamarca e soldados da Legião Estrangeira.

Tattoo virando onda

A partir dos anos 70, a tatuagem deixa os portos e o mundo marginal para chegar a classe media. Ainda assim, permanece perto do mar: vira mania entro os jovens da zona sul do Rio de Janeiro, que iam ate Santos para se tatuar com Lucky. Ele passa a ter outra freguesia. Tido por um jornal da época como 'único profissional do gênero da América Latina do Sul', sei maior veiculo de divulgação eram os corpos dos surfistas – especialmente do e José Artur Machado, o Petit, cujo 'dragão tatuado no braço', obra de Lucky, foi imortalizado na canção 'Menino do Rio' de Caetano Veloso. A musica virou tema da novela Agua Viva, da rede Globo (1977), época em que a onde de tattoo chega a periferia de São Paulo nos braços do movimento punk. Por um bom tempo, Lucky permaneceu 'único'. Ate que começaram a aparecer seus seguidores.

Mais velho, cansado da vida boêmia no cais do porto, Lucky achou que tinha perdido a majestade de vez quando teve seu estúdio assaltado, no começo dos anos 80. Para ele, Santos já não era um bom lugar para viver. Mudou-se então para RJ, onde morreu de infarto em 1983. Sua arte, no entanto, continua viva – na memoria e no couro de toda a geração que cresceu a beira-mar.

Materia retirada da revista Trip - Nov. 2002

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